Amigos e, principalmente, meus filhos, estou em casa, finalmente. Eu não vou escrever nada mais sobre o que aconteceu hoje. Só tenho uma coisa a dizer. Em todos os meus anos de militância em movimentos sociais, que envolveram muitas passeatas, nunca, nem
mesmo sob a ditadura militar recente no país, eu nunca presenciei uma repressão policial tão violenta quanto a de hoje. Milhares de cidadãos, participantes do movimento ou não, estudantes a caminho da faculdade, idosos, crianças, mulheres, cadeirantes, ciclistas, skatistas e até ambulâncias foram alvo indiscriminado de balas de borracha, bombas de gás e fumaça, cassetetes e prisões. Bastava você colocar a camisa sobre o rosto para se proteger das bombas que você era preso. Antes de ser preso, era arrastado como um troféu pela força policial. Se te parassem e você estivesse com uma bolsa e na bolsa houvesse um lenço, qualquer lenço, você ia preso. Se te encontrassem com um pouco de vinagre, isso mesmo, vinagre para poder tentar respirar sob o ataque desumano dos policiais, você era imediatamente preso. Nós paramos em frente ao tribunal de justiça próximo a praça Roosevelt. Ali começou o cerco por três lados. Quando entramos na rua da consolação, fomos recebidos pela tropa de choque atirando a esmo até nos manifestantes que se deitaram no chão para mostrar que não ia partir para confronto. Quando recuamos, fomos recebidos de novo a bala e bombas da tropa de choque que nos cercou na retaguarda. Quando tentamos fugir para o elevado costa e silva, a tropa também estava lá e atirou. Eu me abracei a uma ambulância que passava na tentativa de que eles não iriam atirar. Me enganei, e muito. Apontaram miraram e atiraram na ambulância para acertar todos que tentaram se abrigar ali. O resto foi simplesmente um massacre dos cidadãos. O GOVERNADOR DO ESTADO, SR GERALDO ALCKMIN, AUTORIZOU O MASSACRE. Este episódio entrará na história paulista como um dos atos mais vergonhosos do poder público! Até amanhã e espero que todos pensem de novo ao chamar esse grupo de manifestantes de baderneiros.Mario Silva
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